quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Infância

Todas as fases da vida de uma pessoa são importantes.
Tanto a infância, a adolescência e a fase adulta como, posteriormente, a 3ª idade.
Mas se tivesse que eleger uma como a mais importante, seria sem dúvida a infância.

Uma pessoa que tenha tido uma infância feliz, já tem meio caminho andado para ser um adulto equilibrado, mesmo que depois a vida lhe pregue algumas partidas e as fases posteriores fiquem longe da felicidade outrora sentida, poderá sempre agarrar-se ás maravilhosas recordações de infância!
Enquanto que, mesmo que todas as outras fases sejam estupendas, se a infância não foi como, supostamente, qualquer criança merece, ficará para sempre, aquele trauma, aquela insegurança, aquele vazio no coração.

Para uma infância feliz, é apenas necessária uma coisa, o amor!
Muito, muito amor da mamã e do papá, dos avós atenciosos, e dos tios e tias que estragam a criança com tanto mimo! Amor dos primos, e as suas brincadeiras e, se possível, amor de irmãos (isto seria o ideal)!

Na vida da Beatriz, sei que terei muito mais controle sobre ela, sobre o que ela faz (e, principalmente, sobre o que lhe fazem) na fase da infância, porque depois.... bem, nem quero pensar!

Por isso,e por considerar esta fase tão importante, já tenho algumas coisas idealizadas:
Quero que a infância da Beatriz tenha toda a magia característica desta fase e, como tal, ela irá acreditar no Pai Natal, na Fada dos Dentes, no Coelhinho da Páscoa, etc.
Farei também (aproveitando enquanto pode) com que acredite que as pessoas são boas por natureza (O Mito do Bom Selvagem de Rousseau, porque não?), e que nada nem ninguém irá afectar a sua segurança, o seu bem-estar, o seu sono descansado.
Até uma certa idade (por definir) acho que esta ingenuidade só tem vantagens. Não vejo motivo para mostrar-lhe tão cedo o mundo em que vivemos, que há pessoas que fazem mal a crianças (não vou entrar em promenores) e que o Pai Natal não existe.
Claro que, com o passar dos anos (também por definir) irei, com calma, mostrar-lhe que as coisas não são bem assim, e prepará-la, pois há uma altura em que essa ingenuidade só irá trazer consequências negativas. E aí acabará toda a magia da infância.

Sei que muitos são da opinião que não se deve mentir ás crianças, e eu concordo, até um certo ponto. Claro que não vou entrar em histórias de cegonhas que vieram de Paris, mas acho que há que fomentar alguma magia enquanto se pode. Não lhe vou dizer que o mundo é perfeito, mas também não lhe mostrarei tão cedo que há tanta maldade, tanta demência.
Há que haver um equilíbrio, e vou tentar encontrá-lo.
Sei que muitas crianças ficam ressentidas quando descobrem que os pais lhes mentem, mas penso que ficam mais chateadas por descobrirem que o Pai Natal não existe, do que por haver guerra no Iraque. E, muita informação numa idade precoce, poderá fazê-la sentir-se insegura.
Como lhe posso responder a certas perguntas sem lhe mentir e sem que se sinta triste?! Nem sempre a verdade é o melhor remédio...

- Mãe, podes morrer a qualquer momento?
Resposta verdadeira: Sim, posso ter um acidente, ser atropelada, atingida por uma bomba ou ter um AVC.
Resposta que darei: Não, vamos ficar sempre juntas.

-Mãe, as crianças em África vão morrer de fome?
Resposta verdadeira: Sim, muito provavelmente! Não digo todas, mas a maior parte vai. E as que não morrerem de fome, vão morrer de doenças, como a Sida, a Malária, etc.
Resposta que darei: Não, porque nós, e muitas mais pessoas, enviamos sempre que podemos comida para África, pelo Banco Alimentar contra a Fome, ou outra instituição, e vamos ajudando enquanto a situação não se resolve (!).

-Mãe, porque é que esta guerra existe?
Resposta verdadeira: (Nem eu sei, mas vamos tentar...) Porque as pessoas são estúpidas, mesquinhas e gananciosas, e matam inocentes para conseguirem mais meio litro de petróleo ou para mostrarem que Deus não se chama Deus, mas sim Alá, e que é o Corão que diz a verdade, não a Bíblia, e muito menos a Tora, como se isso interessasse para alguma coisa, pois cada um acredita naquilo que entender, e ninguém tem nada que impingir religiões uns aos outros. Ah, e também porque, pelo que parece, não se pode fazer desenhos com o profeta deles, que eles não querem.
Resposta que darei: Porque os Estados Unidos querem muito garantir o cumprimento dos Direitos do Homem no Iraque. (Ah!Ah!Ah! Será que pega?!)

É claro que, mesmo quando ela tiver idade para ouvir a verdade, estas nunca seriam as minhas respostas (que trauma, coitada!), mas há certas coisas que nem da maneira mais suave e cuidada se pode dizer a uma criança pequena.

E eu, só quero que a minha princesa seja feliz.

6 Comments:

Blogger Ruth said...

Cada um educa da maneira que acha mais correcta. Se achas que é a melhor forma, acho que deves fazê-lo! Ela vai ter tempo para entender que existe um mundo cruel!
Beijocas e bom fim de semana
Ruth+Diogo

sexta-feira, 24 fevereiro, 2006  
Blogger Alda Benamor said...

Claro que sim! Mas olha que a felicidade não passa por desvirtualizar a realidade. Mas também acho que estas respostas de que falas vão mudar muito ao longo do crescimento da tua menina: vais ver que quando ela te fizer as questões que referes, vais ter respostas diferentes para lhe dares! :)

sexta-feira, 24 fevereiro, 2006  
Blogger Loira said...

A tentação de pintar um mundo cor-de-rosa ao Zezinho tb é grande... mas acho q vou tentar não o fazer. creio que ele deve aprender a ser feliz, sabendo q o mundo não é perfeito e nem smp bom (tlv pq o meu mundo foi cor-de-rosa durante algum tempo, qd o descobri negro, não csg lidar com isso).
Não sei o q é melhor...

domingo, 26 fevereiro, 2006  
Blogger Tulipa said...

É complicado quando nos fazem essas perguntas. Não sabemos bem o que responder. Eu ainda não sei como irei fazer com essas coisas, acho que vou tentar, como disseram atrás, encontrar um equilibrio. A tentação de dizer que está e que vai estar tudo sempre bem é grande. Bjs

segunda-feira, 27 fevereiro, 2006  
Blogger Mamã artesã said...

Também acho que a infância é a fase mais importante da nossa vida. Quer queiramos, quer não, tudo o que passarmos na infância irá reflectir-se na vida adulta.
Gostava tanto que ficassem sempre bébés. Era tão bom.
Joquinhas
Sofia

terça-feira, 28 fevereiro, 2006  
Blogger XanaA. said...

Olá!
Tenho passado por aqui algumas vezes e hoje deparei-me com este texto que gostei bastante.
Penso que não se deve pintar um mundo demasiado cor-de-rosa e é necessário ir alertando para alguns perigos que existem, mas penso que percebi (e gostei) a ideia que quiseste transmitir. A infância é para ser feliz sem restrições, as preocupações e o stress podem vir mais tarde...

Bjs

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quarta-feira, 01 março, 2006  

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